sábado, 6 de março de 2010

O nascimento dos sete pecados (Parte I - Vaidade e Luxúria)

(Wellington Virgolino - Orgulho)

"Eu sou, eu fui, eu vou! (...)
Eu sou o tudo e o nada. (...)
Mas saiba que eu estou em você,
Mas você não está em mim. (...)
Sou raso, largo, profundo. (...)
Eu sou o início, o fim e o meio."
(Gita - Raul Seixas)
Primeiro surgiu a Vaidade, a mãe de todos os demais. E ela se achava tão incrível. Tão soberana. Tão suprema. Tão infinita. Tão completa. Tão independente... Bem sei que todos esses adjetivos não são relativos e, portanto, não deveriam ser precedidos do “tão”. Mas era isso que ela se achava: Tão tanto. Bela, inteligente, criativa, versátil, atraente, rica, forte, poderosa, senhora, única. Portadora da púrpura e do ouro. De tanto se achar, ela entendeu que ela não se achava, ela ERA. Tanta soberba, tanto conhecimento de si, tanto discernimento lhe mostrou que todos deveriam adorá-la, prostrar-se diante dela, reconhecer a dádiva que era a convivência com tão sublime e elevado ser. Todos deveriam obedecê-la. Ela não necessitava dos demais, ainda assim todos deveriam servi-la. Deveriam satisfazer seus desejos. Todos eles. Mesmo os mais secretos, deveriam ser adivinhados e satisfeitos. Então nasceu a Luxúria.


 (Wellington Virgolino - Luxúria)

"Sou toda sua, faça o que quiser de mim:
Me use, me labuze, mas me faça delirar.

A noite é nossa, me faça uma proposta indecente
Tou tão carente, vem me amar.
Me leva pro banheiro, debaixo do chuveiro,
Na sala, na cozinha, na nossa cama...
Mas por favor me ama,
Quero chegar no topo do prazer!
Quero amar você,
Quero chegar no topo do prazer
"
(Topo do prazer - Michelle Melo)
A Luxúria já nasceu adulta. Já nasceu desejo. Já nasceu tesão. Já nasceu curvas. Já nasceu reta, pontão. E tinha necessidade de tudo e de todos. Era necessário PENETRAR em tudo e SER PENETRADA por tudo. Era necessário que todos os buracos fossem preenchidos e todas as projeções encaixadas. Era necessário roçar e fremir. Tocar e cuspir. Sugar e colidir. E a necessidade era premente. Imperiosa. Não aceitava protelações. Não aceitava atrasos. Tudo tinha que ser agora, dentro, forte, duro, quente, rápido, suado, doído, macio, pulsátil, viscoso, sussurante, gemido, lânguido, carmesim, unido... Ah, englobador! Tudo tinha que ser misturado e amalgamado para se tornar um só, no interior, na profundidade, no eco do ego. Lá dentro. No eco vermelho. Após entrar, tudo se tornava um. Mas antes, tudo tinha que ser projetado para dentro numa enorme voracidade. O que deu origem à Gula...

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