quinta-feira, 20 de maio de 2010

Negro

De volta. Clack! Mais uma vez. Quero aproveitar cada segudinho desse momento para te dizer o quão fraca você é. O muito penar que você tem pela frente. Desculpe-me, eu sei que não era isso que eu te dizia há algum tempo, mas também nunca ouvi de ti aquilo que eu tanto anseio desde aquele fatídico dezembro de 2008. De lá até aqui se passaram 16 meses e 13 dias, dos quais dediquei alguns para você.
E mais uma vez em vão! Não adianta me olhar no espelho, dizer pra mim mesmo que tudo o que passou serve como experiência, aprendizado. Não adianta porque dói. Dói demais e, nessas horas, me arrependo de dizer que prefiro algo ruim porque me dá uma sacudida. Não quero ser sacudido dessa forma. Não quero essas borboletas no meu estômago. Eu queria apenas você. De fato, não do jeito que você é. És tão pouquinho para mim.
Já tive quase tudo aos meus pés e de ti tive apenas os teus pés. Todos viam em meu rosto um raio de Sol querendo sair e iluminar a minha vida e graças a Deus que era isso que eles viam, pois a única coisa que eu enxergava eram teus pés. Cada medíocre dia de minha vida seguia lambendo o chão onde pisavas, catando as sobras, poucas por sinal, que para mim deixavas. Não consigo te desejar bem agora já que minha vida se tornou mais um eclipse.
E eles, ah eles já não vêem mais raios de Sol. Pelo contrário, estou negro. E Deus sabe o tanto que eu queria que isso fosse apenas um tom de pele meu.

terça-feira, 4 de maio de 2010

O rumo




Havia um menina. Uma menina e um objetivo. Construir um muro.
Desde quando, não lembrava. Sabia somente que era a sua meta. O muro.
Dia após dia, ia colocando tijolo por tijolo. O cimento também ela preparava. Com água, com suor, com lágrimas, por vezes. E o muro ia crescendo.
Vez em quando chovia e ela parava a construção. Cobria o muro em crescimento com uma grande lona, tentando protegê-lo da intempérie. Então esperava pacientemente o sol sair, secar o tempo. Por vezes, o chão tremia e parecia que tudo ia desabar. Ela chorava e rezava para que o muro agüentasse a instabilidade. E mesmo assim, o muro ia crescendo.
Chegou a época que de tão grande que ficara, precisou de uma escada. E o trabalho aumentou. Sozinha, subia e descia carregando os tijolos para cada vez mais alto. As pessoas nem a viam mais. A menina escondia-se atrás da sua obra. Mas isso não importava. Ela apenas queria poder dizer para o mundo inteiro que havia construído o maior, o mais belo, o mais forte muro que já se havia construído.