domingo, 21 de março de 2010

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So I'm leaving, my best friend
Just for the hell of it
Just for the sake of it
But how much I loved you

[Redwings - Guillemots]

Nunca entendera muito bem de onde viera o bloqueio com aquelas três palavras. Separadas, utilizava-as com a freqüência usual, mas uma vez unidas, não sabe bem o que, porquê. Talvez não entendesse, sentisse, ouvisse.
Lembrava-se de quando criança as escrevia em cartões, desenhos de corações e jardins floridos e as dedicava à sua mãe. Mas dificilmente proferia as temidas palavras. E quando ousava, seus olhos enchiam-se de lágrimas doídas, mesmo antes de conseguir terminá-las. E não entendia.
Não recordava de tê-las usada com o pai, mesmo porque, por anos, esse sentimento passou longe de ser o que tinha por ele. Também não as entregara à sua irmã, a quem se limitava dizer que gostava muito e que, na distância, tinha saudades. Nem para outros parentes. Nem para amigos, salvo em algumas declarações por escrito, nunca falado. E não sentia.
Porém, uma vez, uma única vez, usou-as para um homem, o primeiro que a fez sentir. Queria falar. Precisava falar. E num ímpeto de ousadia-alegria-medo-todas-as-emoções-juntas-e-misturadas, disse. Esperou a resposta. E não ouvia.
E ela prometeu que nunca mais falaria.
Nem sentiria....

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