sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Verdade? Mentira...

But there is really nothing, nothing we can do
Love must be forgotten, life can always start up anew
[...]We were fated to pretend

(Time to Pretend - MGMT)


Eu não entendo porque para algumas pessoas falar a verdade é tão difícil...
Será que é porque verdade é sinônimo de sinceridade e sinceridade não representa conveniência?
É... nem sempre nos é conveniente que sejamos sinceros. Quando a sinceridade envolve demonstração de sentimentos é pior ainda. Por medo, por vergonha ou sabe-se lá por qual motivo, as pessoas não têm por costume expor o que sentem e escondem-se por trás da máscara que lhes melhor convir a cada situação.
Ser sincero é uma habilidade inata que o ser humano perde com o passar do tempo. Isso se pode comprovar na conhecida máxima que diz que “nada é mais verdadeiro que o sorriso de uma criança”.
Ontem, no ônibus, presenciei uma cena interessante. Um menino ao ver da janela um senhor que teve as pernas amputadas, exclamou para a mãe: “- Olha mãe, o homem não tem as pernas!”. A mãe logo o repreendeu envergonhada: “Meu filho, isso não se diz. Quando você vir uma pessoa sem os braços ou sem as pernas você não fala.”
O menino estava sendo sincero, reportando admirado algo que talvez estivesse vendo pela primeira vez na vida. Da próxima vez que se admirar com algo, pode ser que não exprima o que sente porque foi repreendido. Assim é que, no decorrer de nossas vidas, aprendemos a mentir, a esconder o que sentimos e o que pensamos.
Não quero com isso, que a partir de agora todo mundo aponte uma pessoa aleijada na rua e faça uma exclamação. Não é isso. Só quero que percebamos quantos fatos semelhantes ocorreram para que nos tornássemos os seres falsos que somos hoje. Se você for homem lembre-se daquela vez que você chorou por um motivo qualquer e lhe repreenderam dizendo que “homem não chora”. Lembre-se daquela vez que você se declarou para aquela menina da escola e foi ridicularizado. Se mulher, lembre-se do coração partido. Você jurou que nunca mais iria ser enganada e se trancou para os sentimentos. E é nesse processo contínuo de repressão diária do que sente que perdemos a virtude de sermos verdadeiros.
Falsidade é uma coisa que realmente me incomoda.
Odeio meias respostas,
fatos ocultados,
problemas inventados...

Mas, o que fazer?

Um comentário:

  1. Senhora das Águas, tu sabes que eu acho esse texto massa! Verdade, mesmo!
    Quanto às crianças, elas não são apenas sinceras, muitas vezes são também cruéis... Alguém tem que cercear as ações delas porque elas não têm noção de alcance dos efeitos de seus atos (embora saibam discernir entre bem e mal).
    Bom, essa é a visão deste observador.

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