sexta-feira, 30 de julho de 2010

Se eu pudesse...


Se eu pudesse,
Me uniria novamente a ti.
Carne com carne,
Nos fundiríamos.
Nos tornaríamos como um.
Um ser bizarro
De um só corpo
E quatro pernas e quatro braços.
E seríamos como antes
De Apolo ter nos separado.

Se eu pudesse,
Evitaria todo sofrimento teu.
Pisaria os espinhos
Destinados aos pés teus
Enquanto pisarias sobre os meus.
Sangraria cada gota de teu sangue,
E choraria cada lágrima tua.
Penaria cada dor,
Ouviria todo sermão
Que a Parca para ti escolheu.

Se eu pudesse,
Todo teu seria o meu conhecimento.
Faria tua a minha alma,
Teu o meu hálito,
E também o meu engenho.
Teus seriam os meus dons
E todos teus seriam os meus gozos.
Não irias mais trabalhar ou estudar,
Não dispenderias mais esforços,
Pois para ti tudo tão fácil viria.

Se eu pudesse,
Ah, se eu pudesse!
Me ausentar de ti nunca mais,
Mas viver contigo a ida inteira.
Mas se não passo
De apenas um humano,
Que posso oferecer de mais valioso,
Que não essa vida e minha presteza?
Essa vida, esses olhos, essas veias,
Essa respiração, esse sangue
Que só por ti vagueia.

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