(Inferno - Hieronymus Bosch)
Transformei meu labirinto num deserto
Matando todas as flores de meu jardim.
Matei as flores morais,
As flores da pressa,
As flores do sonho,
E as flores da véspera...
Matei todas as plantas do meu jardim.
Matei todas as ervas que eu cultivava.
Matei essas pragas chamadas sentimento.
Matei de sede, sem regá-las.
Matei-as, sim...
Meu jardim estava todo seco e estéril
E eu estava em paz no meu solo sagrado.
Limpo, árido e tranqüilo.
Fiquei bem,
no meio do meu jardim.
no meio do meu jardim.
Mas aí chegou você, Jardineiro!
Que fez todas as plantas aparecerem novamente.
Que semeou indiscriminadamente.
E cuidou de cada semente.
E regou com todo cuidado, displicente!
Você fez de meu refúgio um lugar bom outra vez:
Verde, lindo e vivo.
Onde brota toda sorte de vegetais.
Onde se aspiram aromas florais.
Onde agora acampam animais.
Meu jardim nunca esteve... tão bonito...
Então, Jardineiro, é assim?!
Você vem e bagunça todo o meu jardim?
[Jardim da Delícias Terrenas - Parte central do tríptico "Jardim da Delícias Terrenas" (Interior) - Hieronymus Bosch]
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