domingo, 15 de agosto de 2010

O olhar da Medusa


Vejam.

Todos temem, alguns invejam,
Mas ninguém entende
Como pode ser doloroso
Ter os olhos da Medusa,
Desgraçada vidente.

A dor de não pode olhar
Nunca o ser amado,
Desviar sempre dele seus olhos
Sob pena de pedra eterna
O deixar transformado.

Então foge, Medusa, foge para longe,
Para longe do teu amado.
Esconde-te no meio de ruínas desertas,
Onde somente rochas
Te tem acompanhado.

Desvia teu olhar
De agora em diante
De todas as coisas vivas
Ou terás apenas essas companhias
Pétreas infinitas como os diamantes.

Que triste sina, preferiria
Ser cega, demente ou morta!
Seja lá o que fosse,
Qualquer outra situação
À essa visão torta.

Mas a vida é assim
E o destino não é o que se escolhe.
Sentada sozinha no escuro da gruta,
A poderosa Medusa
Dos cabelos de serpente se encolhe.

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